MAIS BICICLETAS, MAIS ÁRVORES…

Ou seria o contrário?

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Partindo de um contexto em que a discussão sobre as ameaças sobre a rica flora brasileira (vide propostas de mudanças no Código Florestal), o fato de 2011 ser o Ano Internacional das Bicicletas, o início da primavera e a necessidade de mais áreas verdes no Grande Recife que tornem os passeios ainda mais agradáveis para os ciclistas, o tema da Bicicletada Recife de setembro foi o verde, lembrando as ameaças e as necessidades.

Atendendo ao apelo por cidades melhores, com mais bicicletas, mais patins e mais árvores, a praça do Derby no centro do Recife foi ocupada por uma massa crítica que transformou a praça em um lugar orgânico, chamando a atenção das pessoas que passavam até então apressadas pela praça – projeto do paisagista Roberto Burle e patrimônio dos pernambucanos. Houve brincadeiras, pintura de camisas,

O percurso foi marcado pelo tom crítico, mas também de forma irreverente, marcado pela máxima “rindo, corrigem-se os costumes”, fazendo o sucesso de todos os meses!

Algumas imagens capturadas por Juarez Ventura:

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Vídeo feito e editado por Anderson Freire:
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“Um passo a frente e você não estará mais no mesmo lugar”

Com a crise do petróleo, milhares de pessoas começaram a reclamar dos governos que não se prepararam para o desabastecimento de gasolina e diesel e foram reclamar da falta de subsídios e outras vantagens que evitassem soluções mais radicais. Afinal, pensar cansa e sem alternativas aparentes, melhor brigar para manter o que há do que arriscar o novo.

Apesar de parecer bem atual, a situação descrita acima ocorreu há cerca de 35 anos, na França durante a primeira crise do Petróleo, quando os países-membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) resolveram aumentar em mais de 100% o preço do barril do petróleo vendido.

Nesse ano, muitos reclamaram que o aumento dos preços tornaria a vida mais cara e mais difícil, um grupo de especialistas decidiu reunir-se e buscar soluções que facilitassem os deslocamentos e diminuíssem a dependência do automóvel e do petróleo por consequência. Após anos de discussões, no I Congresso de Cidades Acessíveis foi apresentado o projeto que criaria o Car Free Day, como mecanismo de mobilização e reflexão sobre alternativas nos deslocamentos que ganhou um foco mais de sustentabilidade, indo além de simples diminuição da dependência do petróleo. Após os encontros seguinte, realizados em Reykjavick (Islândia), Bath (Inglaterra) e La Rochelle (França), foi realizado o I Dia Sem Carro na cidade islandesa.

Em 1998, dentro dos planos de vários encontros desde o de Toledo em 1994, numa estratégia de ampliar para mais cidades do mundo, a proposta, foi realizado em 22 de setembro de 1998, em Paris e mais 34 cidades francesas, o programa “Na cidade sem meu carro”, que foi muito bem sucedido em sua tarefa de propor deslocamentos alternativos [transporte público, a pé e de bicicleta] pelas cidades, contando com a adesão nos anos seguintes de mais cidades na França, Itália e Inglaterra (em 1999).

Em 2000, a iniciativa do programa “Na Cidade Sem Meu carro” ganhou uma nova dimensão com a realização do até então maior Dia Mundial Sem Carro em Bogotá. A experiência da capital colombiana que aderiu ao Consórcio Car Free Day foi expandida para o mundo, acontecendo em cada vez mais cidades em diversos continentes.

Os primeiros registros de iniciativas no Brasil*, vem do ano de 2003, em São Paulo, quando ocorreu a 1ª Bicicletada do Dia Mundial Sem Carro. De lá pra cá, o aumento da discussão sobre mobilidade integrada com transporte público e por bicicleta e a pé ganhou mais cidade brasileiras.

No Grande Recife, a primeira mobilização ocorreu em 2010, com a realização da 1ª Bicicletada do Dia Mundial sem Carro do Recife, no dia 22 de setembro. Em 2011, grupos de ciclistas e Coletivos e Moviemntos articularam-se para a realização de eventos durante todo o mês de setembro, totalizando 7 eventos semanais, além de alguns não-planejados e e que geraram mobilização e repercussão.

A moral da história é que com muitas pessoas que desejam realmente fazer a diferença, muita coisa torna-se possível. O bom de se pensar de forma ousada é que entre atividades de cunho político, social, pedagógico e de lazer, há atividades envolvendo a bicicleta e/ou modais sustentáveis no Grande Recife desde a Bicicletada Agosto. Segue a lista e uma breve descrição de cada:

03.09.11 — O Dia Em Que As Bicicletas Invadiram O Metrô: A ideia dessa “invasão” era sensibilizar o ciclista sobre a possibilidade de uso da bicicleta nos finais de semana e feriados em todas as linhas e estações da Metrorec. Além de buscar canais de diálogo com a mesma para debater a possibilidade de ampliar o horário, bem como outras medidas – bicicletários nas estações, por exemplo (vídeo de Israel Costa).

07.09.11 — Pedalada da Independência: Entre todos os meios de transporte, a bicicleta permite a quem a conduz andar mais do que a pé e menos – porém com mais qualidade, do que de carro. Além dos benefícios econômicos, sociais, ambientais, culturais que vão além de só quem pedala. A ideia de intervir no desfile cívico e no Grito dos Excluídos foi justamente mostrar a autonomia que a bicicleta proporciona e lembrar que atuais problemas de mobilidade – decorrentes do planejamento urbano em função do veículo motorizado indiviudual segrega a população que não tem acesso ao carro, ou que é empurrada para as periferias cada vez mais distantes sem transporte público, estrutura para bicicletas, com calçadas ruins.

09.09.11 — Mostra de filmes sobre Ciclomobilidade; Realizado em parceria com o Lumo Coletivo, a ideia foi usar outros meios de sensibilização, através da mídia audiovisual. Foram exibidos vários filmes, com destaque para o documentário brasileiro “Apocalipse Motorizado”, filme de 2006, dirigido por Tiago Benicchio e Branca Nunes.

17.09.11 — Caminhada do ODR: Um roteiro afetivo e histórico feito a pé pelas ruas do Centro do Recife. Essa foi a proposta do Observatório do Recife, que realizou a II Caminhada.

22.09.11 – Dia Mundial Sem Carro: O dia mais esperado do mês para os ciclistas contou com uma Vaga Viva em pleno centro do Recife, um dos locais onde as vagas de carros são mais disputadas, para provocar a reflexão de quanto espaço, o automóvel ocupa nas cidades. À noite, saiu da praça do Derby, a Bicicletada do DMSC 2011!!! (vídeos: Renato Fernando e Anderson Freire/respectivamente)

30.09.11 — Bicicletada da Árvore: mostrando que apesar de ter pessoas com interesses distintos, mas que em comum possuem o gosto pela bicicleta, os participantes da Bicicletada de setembro mostararam que não são monotemáticos e lembraram a importância das árvores e dos biomas brasileiros ameaçados pelas mudanças propostas no Novo Código Florestal, a construção da usina de Belo Monte e a falta de políticas municipais de arborização. Foi uma festa bonita, como sempre e que ainda constinuará com o plantio de mudas em outubro (acompanhe detalhes sobre a Bicicletada Setembro no próximo post).

05.10.11 — Assembleia do ODR – Construção Coletiva da Mobillidade Sustentável no Grande Recife: encerrando a programação prevista para setembro, acontecerá uma reunião para a discussão sobre a construção coletiva da Sociedade para uma mobilidade sustentável no Recife e Região Metropolitana. O evento será aberto a qualquer pessoa e contará com a participação do Especialista em Mobilidade Urbana, Germano Travassos.

Graças ao interesse de todos por cidades melhores, com mais bicicletas e mais opções de deslocamento além do carro um passo ousado e irreversível foi dado. Que  mentes inquietas como as que ajudaram a tornar a programação recifense do Dia Mundial Sem Carro, algo possível podemos esperar de tudo. Até algo comparável somente à tempestade de ideias que deu origem ao Dia Mundial Sem Carro.

Mais informações sobre ações e outros pedais de setembro podem ser conferidas no Blog do Enio “Paipa” Magalhães, AQUI.

Imagens de alguns atos realizados durante o mês de setembro pelo Dia Mundial Sem Carro no Recife [Fotos de Bernardo Dantas (DP/DA Press), Bruno Fraga, Israel Costa, Raísa Feitosa, Renato Fernando e Rei Moura]:

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Bicicletada da Árvore – setembro 2011

Cidades com mais árvores são melhores de se pedalar!!!

A dica dada acima faz todo o sentido. Você já parou para pensar na importância das árvores – e das plantas como um todo, para a vida do planeta? De cara, lembramos do papel delas sequestrando o CO2 que aumenta o aquecimento global, pois sua presença realmente deixa os ambientes mais agradáveis. Fora tantas outras vantagens que encheriam um post.

Porém ao mesmo tempo em que as vantagens das árvores e das formações floresstais, elas passam por um momento crucial no Brasil, pois são vistas literalmente como os obstáculos ao crescimento de um setor agrícola que tão sedento por lucros no curto prazo, esquece que preservar esses seres vivos garantem a sustentabilidade e um meio físico [solo para plantio] que permita produzir!

No Ano Internacional das Florestas, as árvores correm muitos riscos e para mostrar que bicicleta e árvores tem tudo a ver, a Bicicletada de Setembro homenagea essa forma de vida crucial para o equilibrio da vida na terra!!! 

Venha de verde, de árvore pedalar por cidades mais verdes e mais árvores em pé!!!

Vamos pedalar!!!

Mais informações, acesse a página do evento no Facebook: http://on.fb.me/r8fHX8

Imprima panfletos para distribuir: http://bit.ly/qGOmr4 

Não sabe onde é a Praça do Derby? http://g.co/maps/69tuy

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Bicicletada Recife – julho 2011

O tema da Bicicletada de julho foi uma lembrança à chuva, essa entidade presente de forma constante no litoral nordestino, diminuindo no início de setembro.

Mas além da água, muita bom humor e o bom e velho ativismo agitaram o pedal de julho!

Quem gosta de bike, curte esse post!!!

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BICICLETADA PIRATA!!!

Marujos e marujas, nossa expedição está prestes a partir!!! 

arte: Igor Colares

Estejam preparados, procurem seus tapaolhos, seus animais de ombro, as bandanas para se proteger e venha em busca do grande tesouro que procuramos resgatar: a nossa cidade!!!

Marque presença nessa viagem, traga sua bicicleta, seu patins, seu skate, ou pelo menos sua disposição – pois há muitos bagageiros para dar carona!!!!

Venha para esta expedição que pode ser acompanhada por qualquer pessoa que partirá da praça do Derby, rumo ao desconhecido, ao infinito e além, em busca de novas áreas da cidade para ser ocupadas pelos piratas da bicicleta!!!!

MAPA DO TESOURO:

DATA: 26.08.11
LOCAL: CORETO DA PRAÇA DO DERBY (mapa: http://bit.ly/o3BpAJ)
HORA: 18h (saída, por volta das 19h)

Traga bandanas, apitos, música, papagaios, cornetas, buzinas, campainhas, camisas para produção de stencil!!!!

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Com arte de Igor Colares, os ciclistas e cidadãos do Grande Recife preparam-se para a retomada das ruas da cidade nesta sexta-feira. Venha você também!!!

Evento no Facebook: http://on.fb.me/pPpEmb

Página da Bicicletada Recife: www.bicicletada.org/recife

 

 

 

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Bicicletada da chuva – julho 2011

Bicicletada Recife - julho 2011

Julho é tradicionalmente o mês mais frio [ou menos quente] do ano em Pernambuco. Não bastasse o frio, as chuvas em 2011 superaram a média histórica evidenciando os problemas de uma cidade feita pra carros: pessoas presas em engarrafamentos, impermeabilizacão do solo, estreitamento do curso dos rios, que geram alagamentos, expulsão de pessoas para áreas afastadas [normalmente morros] que correm risco de desabar.

Ainda assim, com chuva ou dilúvio, milhares de pessoas pegam suas bicicletas e atravessam a cidade, a Região Metropolitana para trabalhar, estudar ou se divertir – até porque julho também é mês de férias!!!

Se em situacões tão adversas a bicicleta demonstra sua versatilidade, imagina se as cidades fossem mais fáceis de se cruzar a pé, se não houvesse tanatos carros?

Por isso, em julho, pegue sua capa de chuva – ou não pegue e venha pedalando, patinando, caminhando lavar sua alma e pedir cidades para AS PESSOAS e não para os carros.

VEM PRA BICICLETADA!!!

Info:
www.bicicletada.org/recife
Evento no Facebook: https://www.facebook.com/event.php?eid=194683737252124
Facebook
Orkut
Twitter: @bicicletada_rec
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Vem prá quadrilha, vem! Bicicletada!!!*

Edit: Saiu o vídeo da Bicicletada Junina, com quadrilha e tudo o mais!!! Alavantu!

*grito de guerra da Bicicletada Junina.

Cartaz em clima de festa junina

Junho é o mês das festas juninas no Brasil, porém o local do nosso extenso país onde o mês de junho é celebrado com mais ênfase e festa é no nordeste. No nordeste é tão comum ver imagens de Santo Antônio virados de cabeça para baixo, fogueiras na véspera do dia de São João, barqueatas em homenagem a São Pedro, quanto os tapetes de serragem no sudeste, por exemplo e as grandes festas regadas principalmente a forró.

Nesse período, também ocorre uma das safras do milho no nordeste, período em que se preparam os conhecidos quitutes do período, conhecidos no nordeste como mungunzá [ou canjica], pamonha, canjica (ou cural), bolo de milho, milho assado, broa. Além de outros alimentos bem típicos e associados ao período, como o pé de moleque (bolo de café, coberto por pedaços de castanha de caju), cachaça entre outros alimentos e bebidas para passar  frio.

Em junho, no nordeste, a celebração das pessoas que ocupam e festejam as cidades ganha uma outra tônica, tomando por base a antiga tradição dos festejos de junho, aliada a nova tradição de celebrar as ruas e da dominação das mesmas pelas bicicletas, pelos pedestres, patinadores, skatistas, desejosos de cidades com mais pessoas nas ruas, movidas a cuscuz, pamonha, canjica e milho cozido (quer combustíveis mais renováveis?) e aquecidas por uma boa cachaça (aqui faz um pouco de frio no inverno).

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Por conta dos festejos de São João, cuja data coincidiu com o dia da Bicicletada, em junho a Bicicletada Recife foi antecipada em uma semana, ocorrendo no dia 17, uma sexta-feira com frio, ameaça de chuva, mas que serviu como uma prova para os ciclistas que gostam da cidade em que vivem, das festas juninas, principalmente de bicicletas, que não são feitos de açúcar, e que também não abrem mão de uma caninha pra espantar o frio.

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Muitos ciclistas apareceram e vieram a caráter, de matutos e matutas, e de cangaceiros. E teve de tudo durante o passeio: quadrilha na praça do Arsenal da Marinha,  aplausos na rua da nova boemia, palavras de ordem na vibe do São João – como “Olha o carro! É mentira!”, mandala na praça do Marco Zero e muita animação para as ações do Dia Mundial sem Carro do Recife.

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Resumindo, mais uma vez, os ciclistas de Recife mostraram seu espaço e ganharam mais um pouco de atenção pelas pessoas nas ruas da cidade.

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Viva a Bicicletada Junina! Viva as cidades para as pessoas! Viva a bicicleta!

Veja mais fotos da Bicicletada Junina no nosso álbum: http://bit.ly/oVYNQT

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Bicicletada Recife – maio 2011

Porque pedalar é emocionante, é humano, é radical, é revolucionário… e fácil!!!

Dentro de alguns dias, mais uma vez, pessoas de todas as cidades do Grande Recife poderão comparecer à grande celebração das ruas. Simbora pra Bicicletada!

Não há sensação melhor que o vento no rosto, que a nova perspectiva que o pedalar proporciona, passar pelos carros parados no trânsito e sorrir amigavelmente, como quem o convida a construir uma cidade mais humana, mais igualitária, mais justa, mais divertida!

Não há algo mais belo que uma pessoa em uma bicicleta. A bela subversão movida por correntes, arroz, feijão e carne de sol!!!!

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O ponto de encontro da Bicicletada é o coreto da praça do Derby, ao lado da agência do Banco Bradesco. Sempre tem alguém a partir das 18h, preparando bandeirolas, enfeitando bicicletas, interagindo com os novatos, com música ambiente em uma bike-som, entregando panfletos e muito mais.

stencils com temas ligados à bicicleta que podem enfeitar sua camisa, basta apensar levar uma camisa de cor clara e colocar a mão na massa.

O percurso é tranquilo e o ritmo é acessível a qualquer pessoa em transportes movidos à tracão humana. Ou seja, patinadores, skatistas de qualquer idade podem e devem participar!

Apareçam e chamem mais uma pessoa que pedale, patine, ande de skate!!!

Mais info, acesse www.bicicletada.org/recife ou siga nos em @bicicletada_rec

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Pedalando em silêncio, em luto e por mais respeito

Por Lucio Flausino Dias Junior

No último domingo, mais uma ciclista foi vítima da violência no trânsito do Recife.

A morte de Sandra Lúcia em Boa Viagem foi mais uma das mortes, que ainda são desconhecidas ou chamam pouca atenção em uma sociedade que parece encarar anestesiada, o impacto da violência no trânsito sobre a morte, principalmente de pedestres e ciclistas, mas também de motociclistas e motoristas.

Os problemas de trânsito tem seu componente de exclusão social bastante acentuados em casos como este no bairro de Boa Viagem. As comunidades, próximas a uma das áreas mais ricas da cidade, possuem uma via expressa que dificulta sua mobilidade. Via expressa, porque a avenida onde aconteceu o acidente é o caminho natural de uma das obras viárias mais controversas em curso no Recife – a Via Mangue, que pretende rasgar o mangue, criando uma via expressa ligando o centro do Recife à zona sul da cidade e região metropolitana numa via expressa sem semáforos, com velocidade de 60Km/h. Com a avenida iniciando-se imediatamente após o final da futura Via Mangue, o processo de isolamento das comunidades tende a acentuar-se, indo além dos carros velozes que ignoram a situação de pobreza na área e do canal que corta o bairro.

Porém, esse acidente não foi o último, nem no Recife, nem em outras cidades de outras regiões ou países. A fragilidade presente no conjunto quase simbiótico entre ser humano e motorista é um alvo fácil para mostoristas imprudentes e desrespeitosos, que impõem uma dinâmica de violência nas ruas, desumanizando as cidades.

Em 2003, Larry Schwartz é morto, ao ser atropelado por um ônibus escolar na cidade de Dallas, nos Estados Unidos. Inconformado com a morte do amigo, Chris Phelan, tem uma ideia de organizar um passeio em memória da morte do amigo e para chamar a atenção para ciclistas que pedalam pelas cidades. Usando a propaganda boca a boca e muitos contatos, em 10 dias,  mais de 1000 ciclistas atenderam ao chamado para o primeiro Ride of Silence [Pedal do Silêncio, em tradução livre].

Nos anos seguintes, o passeio, caracterizado por ciclistas em trajes brancos ou faixas pretas em memória de ciclistas, condutores de veículos não-motorizados e pedestres aumentava, tanto na cidade onde se iniciou, espalhando-se pelos E.U.A. e outros países. Até chegar em 2008, com a participação de quase 8000 pessoas, em 296 cidades, em 18 países.

A necessidade de chamar atenção para cidades mais humanas é válida e trouxe a tona a revolta das pessoas em cidades onde o automóvel dá a dinâmica de espaços onde as pessoas estão cada vez mais segregadas e distantes umas das outras. O Ride of Silence é mais uma dessas manifestações, onde se mostra aquilo que a cultura do automóvel teima em esconder: a vida – frágil que há fora da redoma de metal.

Fonte: Vá de bike (http://verd.in/zdg7) - Memorial em homenagem à ciclista Márcia Prado, morta em 2009, em São Paulo. Clique na imagem para ampliá-lo

O Pedal do Silêncio – Recife 2011, acontecerá pela primeira vez aqui, contando com a participação de ciclistas, patinadores e quem mais estiver interessado em participar em memória e luto, mas também celebrando a vida e o respeito no trânsito.

Clique na imagem para ampliar

SERVIÇO

PEDAL DO SILÊNCIO – RECIFE 2011

DATA: 21 de maio [Sábado]

LOCAL: Praça do Derby

HORA: 8h00 [concentração]/10h00 [saída]

ATIVIDADES: Pintura de stencils em camisas, passeio ciclístico em silêncio

RECOMENDAÇÕES: Use roupa branca ou uma tarja preta, passeio recomendado para qualquer pessoa, com ou sem experiência, levar alimentos, água, roupas para as vítimas das chuvas do início de maio na Zona da Mata sul.

DURAÇÃO: Cerca de 1 hora.

MAPA: http://goo.gl/maps/kRVG

Informações:

 http://www.rideofsilence.org/main.php – Site do Ride of Silence [inglês]

http://ghostbikes.org/ – Site do Ride of Silence [inglês]

http://bicicletada.org – Site das Massas Críticas no Brasil [português]

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Bicicletada Recife – abril 2011

 

Quando foi feito o cartaz da Bicicletada, o mote que guiou a arte feita por Raísa era uma referência ao início da estação chuvosa no nordeste, particularmente no litoral, período de maior precipitação do ano. É também um brincadeira-reflexão ao momento otimista vivenciado pela galera que pedala em atividades cotidianas, passeia, ou compete de bicicleta e mora na Grande Recife.

Prestes a Bicicletear por aí...

Cada dia que passa, há mais e mais relatos sobre pessoas que querem comprar uma bicicleta nova ou de mais e mais pessoas entusiasmadas com a proposta do Movimento Bicicletada e querem participar. Dessa vez, além de chover ciclistas na última sexta-feira de abril na praça do Derby, choveram alguns patinadores de um grupo que organiza passeios. Todos afinados com a proposta, apitos em punho, gargantas a postos, camisas pintadas com stencils, bandeiras presas nos quadros e muita animacão, partiu a Bicicletada Recife em mais uma noite de chamar a atencão e reflexão.

"Menos carro, mais bicicleta, mais patins" foi gritado em Recife

O bom momento vivido pelo interesse crescente das pessoa em participar da Bicicletada e chamar a atenção por cidades mais humanas, por menos deslocamentos motorizados e mais deslocamentos humanizados está conseguindo passar sua mensagem agregando mais e mais pessoas, não so ao movimento mundial do fim do mês, mas na articulação para driblar o modelo de cidade que nos foi imposto, a superacão do paradigma rodoviarista.

O percurso como sempre foi tranquilo, pelas principais avenidas do centro do Recife, num horário em que não havia tanto engarrafamento, pois este havia sido trabsferido, enquanto motoristas fugiam da chuva que inundava as ruas de manguezais impermeabilizados, asfaltados com muita promessa de progresso que não vingou e deixou suas marcas, sentidas nas pessoas que enfrentavam as chuva para voltar para casa nos ônibus em vias de valorização. Algumas pessoas já apontam para os malucos que passam gritando “Mais adrenalina, menos gasolina”, outras sorriem, um ou outra acena e complementa o grito que vara a noite ecoa nos novos e velhos prédios da Boa Vista.

Num percurso de cerca de 9,0 Km (veja o LINK), belas paisagens, monumentos históricos, animação sobre 2 rodas ou 8 rodinhas, intervenções boêmias [viva o Bar Central e rua Mamede Simões!], todos compensavam a ausência pontual do bike som, gritando, apitando rindo bastante.

Ao final, mais um passeio de sucesso, abençoado com as lágrimas de São Pedro. Dessa vez, felizmente depois da Bicicletada, foi chuva de verdade e chuva de bike, pedalando na chuva para comemorar mais um dia de um movimento glorioso.

E viva a Bicicletada Recife!

Galera posando pra foto, antes de festejar a rua

Por: Lucio Flausino Dias-Junior

*O vídeo da Bicicletada do início do post foi filmado e editado por André Hora

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